Acabou há pouco o desfile da Rosa Chá no dia 1 da semana de moda de Nova York. Foi a primeira coleção feita por Alexandre Herchcovitch para a grife, desde que ele assumiu neste ano a direção criativa, no lugar de Amir Slama.
Foi também a primeira vez em sua carreira que ele criou uma coleção completa de beachwear. Por isso havia, da parte de pessoas da moda, uma forte expectativa a respeito do que seria mostrado na passarela. O público reagiu bem, com muitos aplausos, sobretudo quando o estilista apareceu na "boca de cena".
Diferentemente do que costuma fazer quando sua própria grife desfila, ele não caminhou pela passarela, de mãos dados com uma modelo. O desfile também não contou com a presença de Geanine Marques, amiga e musa do estilista, além de uma espécie de talismã de suas apresentações. Na plateia, estavam as atrizes Carol Castro e Larissa Maciel.
A maravilhosa modelo afro-americana Chanel Iman abriu a apresentação, encerrada por Jeneil Williams, fulgurante jamaicana, também negra.
O estilista não recorreu a um "tema" para conduzir esteticamente a sua coleção: preferiu um caminho mais formalista, trabalhando a própria arquitetura do beachwear e também as sutilezas da lingerie.
A estratégia parece ter funcionado também, para ele, como uma maneira de explorar este terreno novo, que é a moda praia _como alguém que, ao decidir construir a sua própria casa começasse, logicamente, por estudar engenharia e arquitetura, para só depois pensar na decoração.
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A direção de arte (Zee Nunes e Ruy Furtado) e o styling (Maurício Ianês) foram muito eficientes na tarefa de tornar mais legível o caminho feito por Herchcovitch _e, na imagem geral do desfile, a mão singular do estilista ficou ainda mais nítida. A fim de marcar posição no conjunto da moda praia brasileira, ele buscou uma feminilidade sem impostação e sem aflição (nem "perua" nem "matadora") e propôs uma sensualidade mais leve, desencanada e menos neurótica. Mais mulher-sujeito do que mulher-objeto.
Ficou perceptível que Herchcovitch se referiu a vários a elementos estilisticos "históricos" da Rosa Chá, legados por Amir Slama. Mas também ficou claro que a grife, sem negar o passado, começa agora uma outra história: sai o requintado barroquismo de Slama e entra o pop exuberante de Herchcovitch.