Para a abertura da temporada, Alexandre Herchcovitch planejou sua coleção de inverno 2016 buscando referências em seu próprio universo. Materiais como metais, tafetá de seda, jacquard, tule elástico, cetim de seda stretch, meia malha, lã cashmere, canvas de lã, lã alpaca e crepe georgete, as texturas e o xadrez, padronagens já vistas em suas coleções anteriores, mas sempre executadas de formas diferentes. Losangos, esferas e listras caracterizam as peças, assim como as fitas na cor preta de gorgurão, super difíceis de se trabalhar, pontuaram toda a coleção que partia da pureza das camisolas, passava pelos bodies cheios de transparências até ás peças ousadas recortadas estrategicamente. As tais camisola são grandes, de tricoline de cashmere com seda e detalhes plissados. Para arrematar o mood fetichista, meias arrastão, sapatos trabalhados em couro, bem altos e com tiras. Os vestidos remetiam à casacos com fendas largas e profundas, os sutiãs tinham argolas, o que deixava as peças ainda mais "hots". Tudo isso com o acabamento impecável, misturando tecidos pesados e leves, revelando detalhes perfeitos com aplicações de miçangas de porcelana. Preciso falar dos óculos com lentes laterais? Quer saber como começar uma semana de moda? Assiste isso!
segunda-feira, 19 de outubro de 2015
quarta-feira, 7 de outubro de 2015
"Grey Gardens", 1976
“Grey Gardens” é o esboço exato da intimidade de duas mulheres que sobrevivem numa existência baseada na relação oscilante entre amor e
ódio. Big Edie (mãe) e Little Edie (filha) se desentendem constantemente, comem juntas, cantam, tecem filosofias sobre a vida
e sobretudo falam sobre o passado. Todas as falas envelhecidas - à primeira vista, irrelevantes - indicam, ao
que parece, que elas vivam em uma espécie de lugar atemporal - o que é Grey
Gardens - sem conceito de tempo, mas bem
conceituado como lugar, afinal trata-se de uma mansão abundante em
memórias, contadas por Little Edie, e deve ser considerada como uma
personagem. A casa possui um aspecto deteriorado, quartos com gatos e
guaxinins que circulam livremente, coberta de vegetação, o que nos
remete a uma ilha, separada do resto do mundo e com certeza, no
psicológico das nossas "atrizes sociais", de fato é. Apesar das ameaças
incessantes de Little Edie deixar "Grey Gardens" para
seguir sua vida, mãe e filha vivem normalmente e não há queixas
sobre as condições de vida imundas a que estão sujeitas. Além
disso, a despeito do documentário parecer o retrato de uma grande
tragédia, a produção é surpreendentemente divertida pelo modo
como Big Edie dá puxões de orelha na filha e essencialmente pela
figura de Little Edie e suas expressões de moda fora do comum.
Engenhosamente, ela entrelaça vestidos e saias com trajes feitos a
partir de materiais encontrados pela casa, como toalhas de mesa ou
qualquer tipo de tecido. Seu estilo incomum é acentuado pela
variedade enorme de lenços e adereços que usa na cabeça durante
todo o filme, o que me deixou sempre a espera da próxima produção
inusitada e me fez perguntar se Little Edie tinha, pelo menos, um fio
de cabelo na cabeça. Aliás, essa é somente mais uma das muitas
questões que não encontrei resposta, do mesmo modo que me perguntei
como essas duas mulheres, antigamente ricas, acabaram em tais
circunstâncias. Eventualmente Little Edie me responde um outro
questionamento: o que a levou a deixar sua vida e
permanecer com sua mãe em Grey Gardens?
“…
a
marca registrada da aristocracia é a responsabilidade, certo?”.
Ficha Técnica
- Título Original: GREY GARDENS
- Realização: David Maysles, Albert Maysles, Ellen Hovde, Muffie Meyer,
- Ano: 1976
- Duração: 94 minutos
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