Um luxo só, de mulheres exuberantes, fortes e sofisticadas. Foi assim o segundo dia da 28ª edição da São Paulo Fashion Week, em que não faltaram roupas estruturadas, brilhos e cortes excepcionais. É um coisa cíclica. Depois do contido inverno do ano passado, em que as ideias ainda vinham no rebote da crise de 2008, parece que os estilistas da São Paulo Fashion Week foram atrás do que reluz e fortalece, seja a partir dos brilhos, de várias formas, seja a partir das construções das roupas. E se luxo é aquilo que desperta desejo de consumo aliado à fina elaboração, vários estilistas mostraram esse caminho.
Construção, aliás, não faltou do começo ao fim. No começo, a estilista Daniele Jensen levou umas sofisticação suavizada ao Sesc Pompéia, idealizado pela arquiteta Lina Bo Bardi. A rigidez arquitetônica se transormiou em vestidos construídos a partir de quadrados, que deixavam a pele à mostra. Estã lá, sofisticação sem ostentação.
Com sua inspiração militar (Bastardos Inglórios, Segunda Guerra) e judaísmo etc, Reinaldo Lourenço transformou as fardas em elaboradas roupas femininas, que usadas juntas (jaqueta, blusa, calça) pareciam interligadas. E o luxo vem não só na elaboração do corte, mas no trabalho feito nos vestidos nudes, em tule que se transformaram em flores, finalizadas por um cristal. "Demora mais de uma semana para finalizar um vestido como esse", disse o estilista.
Pedrarias, pedrarias, pedrarias. Sim, o desfile feminino de Alexandre Herchcovitch foi o mais luxuoso que o estilista já apresentou. Cristais e pedras, como âmbar, enfeitavam barras. E no exercício que ele domina tanto e tão bem, a alfaiataria se traduzia em casacos e calças. Depois, vieram saias e vestidos rígidos e o bonito crochê aberto, também salpicado de brilho.
Até mesmo as mocinhas a que se destina Maria Garcia têm uma atitude rebelde, mas sem perder a pose e o status, com suas peças de lurex, jaquetas de náilon com aplicações brilhantes e tecidos finos, como georgette de seda. A Forum Tufi Duek, criada desde a última coleção por Eduardo Pombal, trouxe paetês caco de vidro e envelhecidos, que se misturam a tecidos como musseline, tafetá e lã com bordados. E para finalizar a noite, ninguém menos que Samuel Cirnanski, no que ele faz tão bem: peças trabalhadas à exaustão, em que moulage e drapeados vinham acompanhados de aplicações de cristais e canutilhos. O luxo, matéria que Samuel domina tão bem, porém, não é só representado pelo brilho, mas pelas rendas e por vestidos enfeitados com pequenas almofadas com capitonê, referência a móveis ingleses do século 18.
Ok, ninguém vai sair com uma cúpula de abajur na cabeça, mas ninguém dúvida que esse tipo de decoração é mesmo um luxo. Se o requinte vem em propostas diversas, a convergência de ideias é uma só: tudo para uma mulher poderosa.
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